[Campanha Tyr] Distúrbio da For... Energia Extra Planar.

Assim que voltou a Pejite, Tyr recebeu uma mensagem de Qazar, de Gor Ladur. 

No dia em que resgatou seu irmão, alguma coisa foi sentida entre os mestres de Gor Ladur. Um distúrbio de energias.

Qazar descrevia na carta como um terremoto de energias, mas com fontes variadas. 

O mais próximo de Tyr era em um ponto do deserto de Yazzan e, pela proximidade com Pejite, Qazar pedia que o rapaz verificasse. Os membros do conselho da Ordem verificariam outros pontos onde o mesmo efeito fora sentido. 

Tyr tinha chego há um dia, apenas, de sua jornada pelo Oeste.

A voz da youkai saiu da sombra de Tyr. 
- Eu não me escondo. - disse em uma voz quase ofendida com a afirmação. - Estou sempre por aqui e você sabe disso. A última coisa que faço é me esconder. 

Dizendo isso, a youkai decidiu sair da sombra de Tyr. Qualquer um que visse, diria que ela saiu de um buraco na parede, bem à frente de Tyr. Olhando em volta Qareen soltou um assovio, arregalando os olhos amarelos.
-Bela toca. - foi seu comentário, levando as mãos à cintura e circulando pelo quarto, encarando os livros de Tyr em uma estante. - Se quero algo do deserto de Yazzan... hmmm... não. Não consigo pensar em nada daquela caixa de areia. Só postos inúteis do exército, ruínas antigas e tribos aqui e ali. Mas, claro, se você ver algo muito a minha cara, não hesite em pegar. Apesar disso, fiquei curiosa com essa sua "missão" então vou fazer questão de manter meus ouvidos bem ligados em você. Mas não vou poder responder com tanta prestreza, pois vou estar longe... não fique triste. 

Dizendo isso, Qareen sorriu. Se Je-Ha estivesse por perto já teria rosnado, atirado os braços pra cima e se retirado enciumado. Sentando-se em uma cadeira e se divertindo com o pensamento, a pantera prosseguiu.
- Mas a pergunta que tenho é: VOCÊ quer algo de mim? Por que chamou?

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A cauda de Qareen balançava preguiçosamente enquanto ouvia Tyr. A youkai não tinha qualquer preocupação quanto à indiscrição.. ou qualquer preocupação na vida, aparentemente. Enquanto ouvia Tyr, sua mão brincava com uma estatuetinha na mesa próxima. 
- Ahan... claro. Qualquer dia destes você me chama para um chá no seu palacete e eu pago uma cerveja no Krios. Assim colocamos a fofoca em dia.

Levando a mão ao queixo, pensou por alguns instantes, ainda com a mão girando a estatuetinha no lugar. 
- Um barco. Seria muito mais esquema você ir via Valkaria para lá. Afinal é uma nave rúnica aqui e outra no Vale dos Ventos, e de lá você desce. Não existem muitas rotas de barco para lá, mas verei o que posso fazer. Quando chegar ao porto vai saber se consegui ou não. 

Levantando-se da cadeira e indo olhar o livro de Tyr, a youkai analisou o que o livro dizia a respeito do deserto.  
- Como eu disse, não tem muita emoção ali... O deserto de Kalimdor tem muito mais atividade, se quer saber acho que sua estadia prévia não fez jus ao lugar. Mas você pode encontrar algumas caravanas de ladrões, alguns lagartos famintos e escorpiões negros gigantes. - aqui a youkai encarou Tyr com um enorme sorriso sarcástico no rosto - Vê?? Nada demais. Sei que as ruínas mais antigas e inexploradas estão a leste, mais no caminho das montanhas, se é que isso pode te ajudar em algo.

Quando o garoto comentou instabilidade de energia e essa coisa toda, a pantera apoiou ambas as mãos no livro e encarou o rapaz, com uma cara de dúvida, uma sobrancelha erguida.
- Instabilidade... Certo certo. Não faremos nada que não seja pago, posso te garantir. E EU não me envolvo em nada...

Aqui a youkai cutucou o peito do jovem.
- Para isso tenho sombras. 

Colocando os braços atrás da cabeça de maneira descontraída, Qareen começou a andar para a parede, onde sua sombra logo se grudou.
- Se não precisa de mais nada, tenho informações a vender e uma filha de nobre para sequestrar. - vendo a expressão de Tyr, a pantera riu. - Brincadeirinha. É um poodle. 

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« No dia seguinte, o cavaleiro chegou ao porto no horário combinado. Vestindo as tradicionais vestes da Ordem da Luz, um manto marrom que lhe escondia o rosto e carregando Bifröst presa ao cinto. O garotou procurou Dingarvot em meio aos transeuntes. »

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A youkai acenou a mão com o comentário de Tyr, como se dissesse "você é louco", rolando os olhos, e desapareceu em sua sombra. 

No outro dia, no porto, não precisou procurar muito. Dingarvot parecia um poste verde no meio da rua, atraindo olhares e reclamações. Sua alta estatura o destacava da multidão. Estava com sua costumeira roupa de couro e espada à cintura mas, com certeza, a capa que usava tinha sido escolhida por outra pessoa pois era de um vermelho vivo e curta demais - não chegava sequer à altura de sua cintura - mas o sapo parecia não reparar nisso. 

Dingarvot escreveu: 
- Bom dia, mestre Tyr. - disse em sua costumeira polidez, encarando o jovem com seus olhos azuis enormes. Tyr já sabia que, mesmo que pedisse e ordenasse, aquele "mestre" não saía de uso, então nem tentou. 

Ao se aproximar de Ding, seu pé grudou no chão, inexplicavelmente. 

Na verdade, congelou no chão. 

Antes que pudesse se virar para ver o que acontecia ali, um enorme e felpudo braço o ergueu do chão, com uma outra enorme mão bagunçando seus cabelos - não que precisasse serem bagunçados.

Je-Ha escreveu: 

- Posso saber .... o tigre começou, ainda bagunçando os cabelos de Tyr. - Por quê minha namorada me mandou lembranças SUAS, caro barão ou sei lá o que Von Moltke?? 
Colocando o rapaz no chão, Je-Ha cruzou os braços com sua melhor expressão de braveza. Estava com suas manoplas e sua roupa leve de luta. 
- E já que estamos nos explicando, pode me dizer onde pensa que vai?

Lin e Zas vinham logo atrás. Zas com seu costumeiro aparato amassado, mas seu arco agora era uma besta. 
Lin trajava vestes simples, mas com um enorme manto arroxeado por cima. Seu bastão agora era retrátil e de metal, preso à sua cintura.
Zas correu e se jogou em cima de Ding, feliz da vida em ver seu primo - na cabeça dele, eram parentes. 

Yin-Lin escreveu: 
Lin encarou o anfíbio com seus olhos azuis.
- Deixa eu adivinhar.... foi Terriniva que lhe comprou esse manto?

Dingarvot escreveu: 
O anfíbio abriu a enorme boca, os olhos pareciam duas bolas azuis que tinham sido infladas demais.
- Como adivinhou??

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Je-Ha escreveu:

Tyr escreveu:Sua namorada lhe mandou lembranças minhas porque você, sargento, prioriza o relacionamento aos amigos! E eu e ela temos uma parceria de negócios. Mudando de assunto, vocês não sabem o quão feliz eu fico em revê-los, principalmente, se prometerem não utilizar essas novas armas contra mim.

Je-Ha manteve a expressão de bravo o quanto pôde, mas não conseguiu e sacudiu os bigodes na cara, soltando um sorriso e os famosos tapas nas costas de Tyr.
- HAHAHAH eu não consigo sequer fingir, mas e aí gostou?? - disse mostrando as manoplas novas. - Cortesia do arsenal do exército.

Yin-Lin escreveu: - Se prometer não fazer nenhuma besteira, a gente não usa, mas eu não garanto nada. - respondeu a raposa, ainda olhando a capa de Ding com incredulidade.

Tyr escreveu:Você sabe, Je-ha, eu e Ding iríamos fazer o de sempre: esgueirar-nos por uma ruína em algum fim de mundo para investigar uma anormalidade relacionada às forças do mal. Possivelmente, encontraremos mortos-vivos e demônios, talvez, consigamos comprar alguns croissants para comer no chá da tarde. 

Aqui a raposa das neves levou a mão até o rosto, massageando os olhos e a têmpora, suspirando, ouvindo as risadas dos demais, mas sabendo que tinham um quê de possibilidade.
- Vê? É disso que estou falando... é exatamente disso que estou falando.

Tyr escreveu:Se você, Yin-Lin e Zas optarem por me acompanhar, eu ficarei novamente grato... E os convidarei para desfrutar de uma carona patrocinada por Qareen, que deve ser.... aquela ali!

O navio que Tyr apontava era um navio pequeno, mas parecia rápido. O motivo de Von Moltke saber qual era o navio era o humano encostado em um dos caixotes no cais. Era alto, usava vestes formais de capitão e os cabelos longos e ruivos presos em um longo rabo de cavalo. Seus olhos verdes estreitos encaravam Tyr e ele sabia porque, pois a sombra do rapaz lhe parecia tal qual a de Beth, no Oeste. As sombras se reconheciam. O capitão virou as costas e subiu a bordo do navio. Já tinha identificado seus passageiros, era esperar que embarcassem e seguir viagem. 

Yin-Lin escreveu: 
Lin observou a finta do humano à frente do navio que Tyr apontava. Aquilo era CLARAMENTE um pirata. 
- Aquilo é obviamente um pirata. - dizia baixo, exatamente, como pensava, cristalina como o gelo que usava em batalha. - Estamos embarcando com piratas. Estamos começando muito bem, a meu ver. Comentou irônica.

- E quanto a te seguirmos, foi requerimento seu.

Je-Ha escreveu: 

- AH sim!!! Interrompeu Je-Ha, tirando um papel do bolso da roupa e mostrando a Tyr. Era um pedido formal de recrutamento dos três sob ordens diretas dele... mas a assinatura era um garrancho só.... bem como a folha toda... amassada e borrada.- Rola um boato de que você ficou com sequelas das lutas e sua caligrafia é péssima!

Zas escreveu: 

- HEY! - interrompeu Zas, ofendido - Da próxima vez, peça para a Lin!!

Yin-Lin escreveu: 

- Aí os rumores serão piores. Tyr não faz o tipo de quem pontua com estrelinhas. 

Dingarvot escreveu: - Mestre Tyr ficou com sequelas??? - Apanhando o papel e olhando os garranchos, Dingarvot falou com sua sinceridade inocente. - Realmente uma letra deplorável.

Enquanto riam da ingenuidade do Okopipi, o grupo se dirigia ao navio. 

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O capitão estava no pequeno convés, dando ordens a um único marujo, quando o grupo embarcou. Olhou Tyr de cima a baixo. Sabia quem ele era. Sabia até demais, mas estava ali a serviço de alguém em comum. Não poderia negar um serviço destes.  
- Yazzan, han? Não quero saber seu nome, e você não quer saber o meu... Vamos sair logo. - foram suas palavras em uma voz rouca.

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O barco era pequeno, velho caindo aos pedaços...mas rápido.... a medida que avançava mar afora, as madeiras estalavam e o capitão parecia simplesmente ignorar algumas cordas soltas. Tudo o que o ruivo fazia era olhar sua bússola e o horizonte, sem dizer palavra. Nem o leme mexia direito.

Os outros dois marujos presentes apenas jogaram cartas o tempo todo. Em um dado momento Je-ha e Dingarvot se prontificaram a ajudar, mas eles deram risada e só disseram que aproveitassem a viagem. Por sorte os ventos foram favoráveis e não havia nem sinal de um mau tempo. 

Ao fim da tarde, ainda estavam navegando e os estômagos de todos roncaram avidamente, lembrando-lhes que precisavam de comida. 

Yin-Lin escreveu:- Bem eu duvido que teremos uma refeição decente a bordo. - reclamou a raposa, olhando desconfiada para o pirata, que, notando seu olhar, lhe deu uma piscada e quase foi congelado no lugar por um pilar repentino de gelo se erguendo em seu lugar.

Dingarvot escreveu: 
Dingarvot abriu sua mochila e retirou pacotes caprichosamente feitos, que Tyr logo reconheceu como marca registrada de Ava
- A senhora Ava mandou lhe avisar que saco vazio... - Ding parou e pensou - é oficina dos demônios. Não! Que em boca aberta.... não se pára em pé. Acho que era algo assim. Muito difícil lembrar os recados dela. Parece que ela fala em enigmas.

Todos comeram e, a contra gosto de Lin, dividiram até com os marujos seus sanduíches. O capitão não aceitou, dizendo que não era tão frágil a ponto de ficar com fome tão rápido... e quase foi empalado por uma estalagmite de gelo.

Ao meio da noite, podiam ver o horizonte em Yazzan. Não havia porto... muito menos botes que os levassem à margem. O capitão foi até a mureta e olhou para onde estavam as montanhas do lado oeste do deserto, um horizonte completamente escuro e misterioso, voltando a sorrir para seus passageiros. 
- Bem, a carona é até aqui... Um bom exercício noturno faz bem, ao que sei. Acho que o frio da água não vai incomodar a donzela. 

Lin não respondeu, apenas se dirigiu à mureta, subiu nela e pulou. O barulho de água denunciou que tinha atingido a água... ou algo similar. Ao olharem para baixo, Lin estava em uma plataforma de gelo, olhando para cima. 

Yin-Lin escreveu: 

- Eles não precisam de remos, ao que parece. Pulem logo porque eu não controlo a rota desse negócio.... e nem o tombo de vocês ao chegarem aqui embaixo.

Je-Ha e Ding tomaram emprestados dois remos e seguiram para a jangada improvisada de gelo. Zas realmente levou um tombo digno de histórias. 

Lá debaixo, podiam ver o sorriso surpreso do capitão... e também podiam jurar que havia uma enorme cabeça de algo abaixo do casco, olhando o grupo se distanciar.

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O barco ainda permaneceu no lugar, com o capitão vendo o grupo se distanciar. Quando estavam a uma certa distância, o pequeno barco caindo aos pedaços se pôs em movimento de novo, sem ninguém pilotando e nem velas ou remos se movimentando. Definitivamente, uma embarcação no mínimo curiosa.

Je-Ha escreveu:- Sujeitinho estranho...

Yin-Lin escreveu:- Piratas. Piratas são todos estranhos. Estranhos e traiçoeiros.

Je-Ha escreveu:- Bom, já entendemos que você não gosta de piratas, Lin.

Je-Ha e Dingarvot aceleraram. Zas ficou agarrado no chão feito uma lagartixa, Tyr e Lin foram sentados para não caírem ao mar. 

A maré estava calma, então todos conseguiram chegar à margem sem mais problemas, apesar de terem de molhar um pouco as pernas para descerem à margem.

A praia estava um breu só, iluminada apenas pela lua. As montanhas estavam logo à frente do grupo e não havia qualquer sinal de civilização.
Je-Ha olhava em volta, tentando enxergar algo. Seus olhos felinos eram como faróis naquela escuridão toda.

Je-Ha escreveu: - Não há viva alma...Zas, está vendo qualquer sinal de vida?

Zas escreveu:- Nada.

Yin-Lin escreveu:- Não sei se acho isso bom ou ruim. - foi o comentário da raposa, que ao contrário dos amigos, não tinha os olhos tão bons mas o faro, por outro lado, ajudava bastante.
- Sinto cheiro de fumaça... e comida.... mas bem fraquinho.

Seguidos pelo cheiro, os guerreiros seguiram por entre as montanhas até Je-Ha e Zas poderem ver uma pequena luz fraca dentro de uma gruta ou caverna minúscula. O cheiro vinha dali. Era de fogo e comida. Era impossível ver o interior da caverna de onde estavam. Teriam que escalar um bom tanto.

Je-Ha escreveu: - E aí, Capitão? Arriscamos ou seguimos nosso caminho pra outro lugar? Perguntou o tigre para Tyr.

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« Durante o deslocamento até a praia, o cavaleiro arcano permaneceu sentado à retaguarda do barco. Imerso em seus pensamentos, Tyr refletia sobre as decisões que haviam lhe levado até aquela jangada de gelo congelado e o que o universo esperava do caçula von Moltke. »
 
« Ao chegar à costa, ele desembarcou assim como os demais e avançou, mudo, pela negra noite. A falta de ruídos incomodava os outros integrantes do destacamento, pois, lhes parecia algo não natural. Entretanto, para o garoto, o silêncio convidava à reflexão e instigava os sentidos. Homens comuns precisam de quietude para atingir a calmaria, já os melhores de nós, mantém a serenidade em meio à tormenta. »
 
« Guiados pelo olfato de Lin, os aventureiros seguiram até um ponto, onde Je-há pôde avistar uma pequenina fogueira à distância. O brilho alaranjado da chama destoava do véu da madrugada. O crepitar da lenha em combustão, pelo contrário, não era forte o suficiente para vencer a distância que separava o acampamento do destacamento von Moltke. »
 
« Os expedicionários de Kossala estavam agora diante de um dilema: desviar da fogueira e continuar avançando ou explorar o local? Ao ser questionado sobre o que deveriam fazer, Tyr manteve os olhos fechados e ambas as mãos dentro das mangas do manto. »
 
“Confie em seu comandante, homem de pouca fé. A luz lhe mostrará o caminho.”
 
« Enquanto falava, sua mente avançou. Como um corcel em fuga, ela cobriu a distância até a caverna em pouquíssimos segundos. Lá, a consciência de Tyr buscou outros seres capazes de sentir e tomar decisões lógicas. Para isso, o cavaleiro tateou cada centímetro do local e tocou a mente dos daqueles que residiam em seu interior. Em adição ao exposto, von Moltke buscou identificar quem eram os que lá se reuniam, qual era seu efetivo e quais as suas intenções. »

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A caverna em questão era pequena e um tanto baixa. Haviam três figuras, todas youkais tengus.

Todos tinham penas acinzentadas pelo corpo, mas um era mulher. Tinha cabelos curtos, lisos e negros tal qual seus olhos. Vestia roupas simples de tecido leve, mas puídas e sujas. Ela cuidava de um assado na fogueira, que tentava manter baixa e só em brasa, e tinha a expressão cansada e preocupada.

Um era jovem, mas não devia ser um adulto formado. Estava segurando uma lança nas mãos, com um semblante sério e olhos na entrada da caverna. Tinha os cabelos negros, curtos e espetados, mas seus olhos eram de um verde intenso. Sua postura de sentinela era quase cômica, se não fosse o máximo de esforço para se manter em guarda. Usava um colete de couro por cima de roupas comuns.

O último era uma criança, do tamanho de um humano de 9 anos. Seus negros e ondulados cabelos estavam cortados em moicano, que acabava em pequeno rabo de cavalo. Ficava abraçado a uma enorme espada nas mãos, maior que seu corpo. Estava dormindo sentado.

Tyr podia sentir muito cansaço, preocupação, sentimento de perda e apreensão. 

Enquanto o cavaleiro fazia sua investigação, Je-Ha e os outros se mantinham em alerta, principalmente os dois com melhor visão, já que o faro de Lin não ajudaria com animais escondidos no meio das rochas.

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A cena se estendeu em silêncio por mais alguns minutos. Finalmente, a mulher retirou a carne de cima do calor e olhou o mais novo dormindo. 
- Acorde seu irmão.... e venha comer, por favor. 

- Você come. Eu estou de guarda. - foram as palavras ríspidas do vigia.
A mulher suspirou, fitando o filho mais velho. 
- Você precisa comer se quiser.... 
- Estou sem fome. - veio a devolutiva, novamente com rigor e mágoa escancarados, interrompendo o restante da frase. 

A mãe do grupo respirou fundo e se levantou, com paciência e compreensão, dirigindo-se ao mais novo que dormia. Gentilmente o acordou e o chamou para comer. Apenas o mais novo comeu, a mãe ficou observando o restante das brasas.
- Algum sinal do papai? - foi a pergunta do mais novo, com a boca cheia.

Aí veio o silêncio, um silêncio que Tyr pôde sentir claramente o que era. Os dois sabiam que o pai não voltaria e apenas o mais novo continuava na esperança de um retorno.
- Tenho certeza que amanhã vamos achar algum rastro dele. - falou a mulher, com uma voz mais suave para a criança.
- Tsc... não vamos não e você sabe. - o mais velho mantinha seus olhos na entrada da caverna, mas sua voz era amarga.
- Zaareus!! - advertiu a mãe, com um olhar irritado.
- É verdade! Se aqueles malucos não o mataram, o resto deste maldito lugar fará por eles. Queria estar junto com ele... Junto com os outros...

O mais novo ficou olhando de um para o outro, com lágrimas nos olhos. A mãe nada falou por alguns momentos, até que sua voz saiu, não mais suave, mas firme e severa, apesar de calma.
-  Seu pai lhe ordenou que continuasse vivo, Zaareus. 

O rapaz fechou ainda mais a expressão e ficou calado, com a lança empunho e de frente para a entrada da caverna. 

Ali a conversa morreu por um longo período.
- O que queriam com o papai? E com todo mundo? Por que eles levaram todo mundo? - foi a pergunta do mais novo.
- Não tenho idéia, querido, mas vamos procurar saber amanhã.
- E vamos fazer o que? Servir assado para os encapuzados?
- Qualquer coisa, Zaareus, menos se desesperar e sair correndo com uma lança na mão atacando tudo que se move. - a mãe estava usando toda a paciência possível com o filho. Adolescentes! Já era difícil criá-los na rotina. Com uma situação de conflito e sequestro, eles ficavam impossíveis. - Eles sabiam magia e eram muitos, mas não mataram ninguém. Levaram todos vivos, então isso é algo a se manter como boa notícia. Assim como nós escapamos, mais alguém pode ter escapado. Vamos procurar por eles e, aí, podemos pensar no que fazer. 
Aqui o filho mais velho se virou para olhar a mãe. 
- Não vamos abandoná-los, vamos?
A mãe sorriu para o filho.
- Jamais. Mas não podemos ir atrás deles com uma lança e um assado... que está esfriando. Vai ficar borrachudo.

O clima amenizou-se com a conversa. Finalmente Zaareus se sentava para comer, ainda com a lança a mão. 

- A senhora já tinha visto algo daquele tipo, mãe? Aquelas magias com tentáculos saindo da terra? 
- Meu querido, minha magia se restringe a cura. Eu entendo de venenos e doenças, mas magias de combate sou uma negação. Mas era uma sensação ruim, de qualquer modo. Especialmente aquela velha, ela foi a que mais me causou arrepios.  
- A velha?? Aquela bruxa parada no meio deles, de olhos esbugalhados? Ela mais parecia um amontoado de trapos velhos... e era corcunda, nem devia andar direito.
A mãe olhou Zaareus com olhar de quem já experienciou bastante. 
- Você precisa aprender a temer bruxas, Zaareus. Elas são traiçoeiras. Podem parecer que não estão fazendo nada, mas estão lançando magias em silêncio que podem enfraquecer o corpo e o espírito. Você nunca sabe o real propósito de uma bruxa, até que é tarde demais. 
O menino ponderou aquelas palavras, enquanto comia devagar sua carne.

O mais novo dormiu logo após comer. A mãe se encostou a seu lado, sentada, e encostou a cabeça na parede. 
Zaareus ficou em pé ao lado da entrada da caverna, com a lança entre os braços.

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De fato, os três tengus quase se borraram ao ouvir o trovão em suas cabeças. A mulher logo abraçou o mais novo, que antes dormia, e agora estava desperto tentando entender o que acontecia. O mais velho ficou com a lança em atenção e olhava Tyr com o mais profundo pavor, o que era cômico. 

A mulher piscou várias vezes ou ouvir sobre a Ordem e fez sinal para o mais velho. 
- Está tudo bem... Zaareus... abaixe isso ai...
- Mas mas mas...

- Só abaixe isso ai! 
- MAS ELE TÁ TRANSPARENTE, MÃE!!! - reclamou o youkai, apontando para Tyr.
- Mais um motivo para abaixar essa lança ridícula, menino. Vai fazer o que? Abanar até ele sumir?

A mãe aparentemente tinha perdido a fala calma com os mais recentes acontecimentos, mas se recompôs e se dirigiu a Tyr... ou ao que se assemelhava a ele. 

- Já visitei a Ordem da Luz com meu marido. Se nos ajudar, seremos eternamente gratos. Somos de uma tribo aqui das montanhas. Somos 25 no total. Hoje cedo, estávamos nos dirigindo para o leste, para visitarmos uma tribo irmã, mas fomos pegos de surpresa por uma caravana a alguns quilômetros deserto a dentro. Eram quatro carroças cobertas, Haviam mais de 20 pessoas... todas encapuzadas, vestidas com mantos negros... e uma velha, que mais parecia uma bruxa, que ficou só observando de longe, com um pacote nas mãos. 
Zaareus começou a querer cutucar Tyr com a lança, com uma cara de quem está para cutucar um saco na estrada, para ver se tem serpentes, mas um olhar furioso da mãe foi o suficiente para detê-lo. Assim, a tengu continuou.

- Os encapuzados conjuraram tentáculos negros do chão e relâmpagos negros do céu. Cada guerreiro que tombava, um tentáculo o agarrava e colocava dentro da carroça. Eles não estavam matando, mas capturando todo mundo. Os guerreiros mandaram as mulheres e as crianças voltarem e se protegerem nas montanhas, e assim o fizemos. Alguns encapuzados nos perseguiram, mas eu e meus filhos conseguimos escapar. Chegamos aqui nesta caverna à tarde. Não sei o que aconteceu com quem ficou... nem com quem conseguiu fugir e se esconder. Vamos voltar ao nosso refúgio, ver se mais alguém teve sorte.... e esperávamos nos reunir para voltar lá e... - aqui a mulher engoliu a seco - ver se alguém conseguiu sobreviver da loucura toda que aconteceu esta tarde.

A mãe obviamente segurava as lágrimas que queriam pular de seus olhos e agradeceu Tyr com uma reverência de sua cabeça, a qual com os olhos, fez seu filho imitar. Seus ombros e seu coração tinham ficado ligeiramente mais leves. Havia alguém que estava disposto a lhes ajudar. Isso era mais do que poderia pedir. 

A mulher desenhou no chão da caverna onde tinham sido abordados pelos magos, a leste dali. Caminhariam somente algumas horas e já chegariam no local. Ela voltaria à sua morada, a qual também explicou a Tyr onde ficava.

Zaareus saiu do caminho, deixando Tyr passar - se é que ele precisava disso - e observando o cavaleiro sumir.
- Mãe... - começou o menino.
- Não, Zaareus, você não vai.
- Mas... 
- Nada de mas e, pela última vez, abaixe essa lança.

De volta ao mundo dos despertos - ou o que fosse - Tyr foi recebido pelos olhares quase sufocantes de seus amigos. Estavam apostando se Tyr estava dormindo (Zas e Ding apostaram nessa), desmaiado tendo sonhos com demônios (Je-Ha realmente achou que era isso) ou fazendo alguma coisa completamente inexplicável e esdrúxula que ninguém ali entenderia (Lin ganhou).
 
Com uma direção e ordens, saíram logo. Caminharam por horas e finalmente chegaram ao lugar informado. O terreno arenoso e o vento do deserto não ajudaram a manter muita informação, mas era aparente que alguma batalha ocorrera ali. A areia estava preta em vários pontos. Os mortos foram abandonados. Haviam dois encapuzados e cinco tengus ainda visíveis na areia.

As marcas das carroças indicavam que teriam que andar mais ainda... Mais a leste de onde estavam. 
Após fazerem o que precisavam ali, seguiram adiante. 

No caminho, tanto Je-Ha quanto Lin tiveram suas pernas atingidas por algo saindo de baixo da areia. Je-Ha levou apenas um arranhão e já se punha de pé, mas Lin teve sua perna rasgada na altura da coxa. 

Debaixo das areias, dois escorpiões negros gigantes saíam para comer.

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Yin-Lin permaneceu agaichada e, em um movimento da mão, paralisou o escorpião à sua frente com gelo. As patas do animal ficaram pesadas e travadas, e ele não podia se locomover para atacar. Zas aproveitou-se disso e lhe disparou um dardo, que ficou preso em sua cauda. 

Zas escreveu:- Tudo bem aí, Lin?

Yin-Lin escreveu: - Fora a barata gigante na minha frente, tudo ótimo Zas!

Já Je-Ha e Dingarvot avançaram no outro. Je-ha errou um dos socos, mas o outro quebrou a carapaça dura do escorpião expondo sua carne. Dingarvot girava sua espada e conseguia decepar uma das pernas do animal. Recuando brevemente, a criatura do deserto tentou atacar o tigre mas este, mesmo com veneno lhe entorpecendo os reflexos, conseguiu desviar.

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Tyr decepava a cauda do escorpião, que continuava congelado sem poder sair do lugar. Zas errava seu dardo, mas Lin acertava um enorme espeto de gelo no torso do animal. 

Yin-Lin escreveu:- Está tudo bem aí, Zas??? 

Zas escreveu: - Hm... é areia nos meus olhossss....  

O outro aracnídeo não estava tendo melhor sorte. Dingarvot errava seu golpe de espada, mas Je-Ha conseguia saltar por cima do animal e desferir dois socos em sua caparaça, amassando-a ainda mais. Ao voltar ao solo, o animal conseguia desferir uma mordida em um dos braços de Je-Ha.

Je-Ha escreveu: - Escorpião assado... É isso que eu vou fazer...