[Campanha Exclusiva: Dilur]

Contexto escreveu:

A muralha externa de Kjeldor era a mais afastada das montanhas. Feita de rocha sólida e fortificada pelos anões, atualmente era aberta aos comerciantes e viajantes que fossem bem-vindos. Eram tempos de paz, então Kjeldoran recebia muitos comerciantes e visitantes... o que era bom e ruim. 
Por um lado, os anões recebiam informação do mundo lá embaixo e itens que lhe eram mais escassos - como vegetais e frutas de qualidade, itens mágicos - e isso era bom para o comércio. 
Por outro, mais visitantes geralmente significavam mais conflitos para a milícia resolver.
As opiniões eram muito misturadas. Haviam clãs inteiros que se colocavam contra essa entrada de forasteiros, enquanto outros abrigavam viajantes como se fossem filhos - e alguns ficavam em Kjeldor.
Elfos negros e youkais eram mais bem recebidos, e muito mais comuns.
O rei, Blackmail, adotava uma atitude mais receptiva do que tudo, e todos respeitavam sua decisão... por ora.

Dentro da muralha externa ficavam as instalações militares: alojamentos, arsenal, campos de treino e, o mais importante, a taverna de Wynna. 

Situação escreveu:O toque de acordar fora tocado, como sempre, às 5 da manhã. 
Os alojamentos eram amplos e confortáveis, mas serviam apenas para soldados que não queriam ou não tinham uma família dentro da cidade.
Um anão superintendente entrava nos alojamentos batendo palmas e empurrando os anões de ressaca de suas camas.
- Vamos lá! Ontem a farra foi boa, hein? Levantando e indo direto para o banho! Vocês fedem! Por Kjel, são o grupo mais fedido que já tive.

Após um banho quente provido pelas fornalhas, cada um foi para o seu posto. 

GM escreveu:Dilur tinha sido destacado para a parte norte da muralha externa há uma semana. A parte norte era a mais afastada de tudo, longe dos portões de entrada, longe do aquecimento, longe da taverna. 
Havia uma pequena torre onde podia se abrigar em dias de neve ou vento gelado. Sua missão era manter os olhos atentos ao norte da muralha e acender as tochas em caso de problema. 

Nunca havia tido problemas. 

Ninguém vinha do norte... todos vinham do sul - que ficava do OUTRO lado. 

Sua vista só encontrava o branco das nuves e da neve, alguns picos das montanhas ao longe, e ocasionalmente um pássaro.

GM escreveu:Aquela rotina era de matar... 
O tédio...

a falta de qualquer coisa acontecer... 

Mais um pássaro chato...

Mais um gole da cerveja... 

Mais uma lufada de vento gelado... 

O mesmo pássaro ficando maior...

O mesmo pássaro ficando maior???
Era um pássaro preto, isso era claro, mas ficava cada vez maior. 
Dilur teve que piscar algumas vezes para acostumar sua vista. 
O pássaro tinha rosto.. e um rosto assustado. Era um tengu, com cabelos pretos tal qual suas asas, haviam arranhões em suas bochecas e Dilur podia ver claramente mais arranhões em seu corpo.
O que Dilur faria?

GM escreveu:
Não que os anões não fossem bons no que faziam, mas tendiam a se sentir confortáveis em uma situação de paz por um tempo tão longo.

Dilur procurou por mais alguém mas teve que andar alguns metros na muralha até encontrar mais dois anões que conversavam distraidamente e paráram assim que ouviram Dilur. Um, o rapaz conhecia, era a patente maior ali - sub-comandante Briggs. O outro, por sorte era um arqueiro.

Os dois voltaram com Dilur até seu posto e observaram o Tengu chegando cada vez mais perto.

- Mas que raios! O que um maldito Tengu está fazendo nessa parte das montanhas? - vociferou Briggs
- Ordens? - repetiu o arqueiro.
- Ora! - Briggs parecia ponderar por um momento - Atire um primeiro aviso! Como vamos saber o que esse monte de penas quer? Nossas ordens são para proteger essa muralha, ou não? Se for aliado, vai tomar consciência e mudar o rumo para a entrada. Se for inimigo, vai continuar em linha reta e ai vamos interceptar para valer. Dilur, fique na dianteira e proteja o arqueiro. Vou ficar na retaguarda. Você, atire quando puder, um aviso. Caso ele continue em linha reta, atire para valer, rapaz.
- Sim, senhor. - respondeu o arqueiro e se posicionou.

Anões escreveu:

Dilur escreveu:"De onde acha que vem? Eu pensava que não existia muito mais ao norte comandante...uma distração talvez?"

Impossível saber! - respondeu Briggs - Mas as tribos deles ficam em Njeldor ou ao sul, não sei de nenhuma tribo ali pra cima.

Dilur escreveu:"Se for um ataque é provável que não esteja sozinho, não é melhor ascender os faróis?"

Se acendermos os faróis por causa desse sabiá e não for nada, levaremos um come lá embaixo, rapaz! Nós damos conta da coruja!

Assim que estava ao alcance, Briggs deu o comando e o arqueiro atirou uma flecha de aviso. O projétil passou rápido, perto o suficiente para assustar, mas não o bastante para ferir. Era o primeiro e único aviso.

Dilur pôde ver o olhar ainda mais surpreso do Tengu ao ver a flecha e desviar da mesma.
Como o pássaro não diminuiu a velocidade, Briggs já se preparava para dar a segunda ordem. Esta seria para valer.

Mas tudo aconteceu muito rápido.

GM escreveu:
Ao mesmo tempo em que Briggs dava a ordem para preparar o próximo tiro, o Tengu fechou as asas com rapidez.

Um raio caiu dos céus com um estrondo e um clarão, cegando a todos.
Logo em seguida, algo bateu com força no escudo de Dilur e se projetou por cima das três cabeças, seguido por um som alto de algo se esbatendo na torre logo atrás deles.

Anões escreveu:
As estrelas na vista dos anões estavam sumindo. Penas negras estavam por todo lado, em suas barbas, roupas, no chão. O escudo de Dilur tinha uma marca vermelha bem visível. A pancada tinha sido pra valer.

Quando os três se viraram para a torre, era uma bagunça de penas, poeira e sangue.
O Tengu estava com a cabeça no chão, as asas/braços abertos e as pernas para cima, sobre uma pilha de caixas de madeira quebrada. Usava roupas rasgadas e estava coberto de arranhões. Seus cabelos pretos estavam alvoroçados e seus olhos fechados.

Balbuciou alguma coisa, mas os três não conseguiram ouvir.
Mas o que diabos?

Mais anões vieram correndo com o estrondo e olhavam surpresos para o recém-chegado.

Apenas umas fracas palavras saíram de sua boca.
Har.... Harpias.... harpias...

Os anões ficaram em silêncio.
Briggs foi quem falou.
Dilur. Você e Fawlar levam a coruja lá pra Frappia. Assim que ela colocar esse passarinho de volta no reino dos vivos, interroguem e vigiem. Quero dois arqueiros aqui e dois sentinelas. Qualquer coisa... QUALQUER COISA... acendam os faróis. É uma ordem!

Harpias:

GM escreveu:Os dois anões carregaram o Tengu, desviando das construções, dos obstáculos e dos curiosos.

- Hey! O que vocês estão levando aí?
- Não dá pra explicar agora!
- Oy! Dilur! Qué isso rapaz?
- Sai do caminho. 
- Que aconteceu?

Logo que chegaram à enfermaria, o de sempre. Era ampla e bem arejada e iluminada. As camas tinham suas cabeceiras na parede, e cobriam os dois lados do enorme prédio. Duas estavam ocupadas com anões por uma briga de bar, e uma com um viajante doente que chegara há dois dias.
Em uma mesa, sentada e lendo alguma coisa, estava Frappia, a clériga do exército. 

Era uma anã já idosa, com seus longos cabelos brancos trançados atrás da cabeça em um círculo perfeito. Seu rosto era cavado de rugas, que marcavam uma expressão pesada. Usava pequenos óculos ovais por cima de um longo nariz. Frappia era conhecida por sua cura, mas também por sua sabedoria e sua doçura - menos com os bêbados.

Assim que ouviu a comoção e viu Dilur e Fawlar chegando, se pôs de pé e apontou uma cama, a mais próxima. As pernas do Tengu ficaram para baixo, por causa do tamanho da cama.

Frappia escreveu:
- Oh um doente...  Aqui rapazes. - falou uma voz doce e aveludada, apesar de tudo, calma. 

Assim que o pássaro estivesse deitado, Frappia esfregou as mãos e as colocou sobre o corpo do estranho. As mãos da clériga brilhavam com intensidade e seu rosto estava fechado.

- Que houve? - perguntou, enquanto os arranhões do Tengu começavam a se fechar. 

Após Dilur e Fawlar contarem tudo, Frappia olhou para os dois com reprovação, como se eles tivessem culpa.
- Briggs Briggs....  Ele atira antes de perguntar? Pobre criatura. Levou uma surra.

Os arranhões haviam sarado, mas Frappia cutucou as costelas do Tengu. Quando este reclamou com um gemido, a Clériga balbuciou algumas palavras e pousou a mão nas costelas do rapaz. Com um movimento de sua mão, o som de ossos entrando no lugar e um grito do Tengu deram a entender que a costela estava no lugar. 

Com isso, o visitante estava acordado, e bem acordado. Seus olhos estreitos eram azuis.
- Muito bem... - disse Frappia - o osso está no lugar, mas não tenho como grudá-lo então vai precisar de uma atadura para manter as coisas no lugar. Em alguns dias deve estar melhor. 

 Enquanto a anã ia buscar as ataduras, o Tengu ficou ali deitado e curtindo a dor que sentira. 
Quando percebeu os dois anões ali perto, tentou ensaiar um sorriso de canto de boca e um aceno da mão. Com uma voz ainda rouca, disse.
- Heeeey...Espero não ter machucado ninguém com minha aterrisagem forçada.

??? escreveu:
Assim que Dilur se aproximou, o Tengu torceu levemente o nariz, pelo bafo de bebida. Estava em Kjeldor, isso era certo. Levou uma das mãos ao rosto.

Dilur escreveu:"Sua andorinha perdida! O que estava pensando em passar voando pelas muralhas do Norte?! Sabe a sorte que tem de não ter nenhuma flecha ou virote enfiadas nas suas penas hein?!".

- Eu... ahn ... Antes que pudesse terminar, o anão prosseguiu.

Dilur escreveu:"Qual seu propósito em Kjeldor? Antes de apagar você mencionou harpias, mas não existem harpias ao norte, você andou consumindo cogumelos? Sabia que podemos te deixar preso por terrorismo?? Não se pode sair falando asneiras apenas para ganhar uma passagem de graça em Kjeldor!"

- Eu vim para avisar... Eu estava procurando um antigo templo da minha tribo aqui no norte, mas achei um ninho enorme de harpias no lugar. E quando digo enorme quero dizer - aqui o rapaz abriu os braços/asas -
- Enorme! E estavam com Kobolds também.

Andorinha:

Anões escreveu:
Frappia, que ouvia tudo, retirou um rolo de ataduras e voltou até o Tengu, pedindo que este se sentasse.
- Isso não me soa bom... - disse a Clériga.

Fawlar, um anão ligeiramente mais atarracado que Dilur, com cabelos e barbas negras, interrompe com energia.
- Não acredita nisso, Frappia?! Harpias e Kobolds? Essas criaturas não se juntam. O que fariam juntos? Uma festa? Essa gaivota está claramente alucinando ou tem algum outro motivo em mente.

A clériga enfaixava com cuidado as costelas do rapaz e suas palavras eram tão suaves como cortantes.
- Um visitante em nossa casa deve ser respeitado, mesmo que quebre algumas janelas. Prefiram serem traídos por um falso amigo do que julgarem mal a um verdadeiro. A dor da traição não é tão aguda quanto a de arrependimento. 
Dito isto, a clériga guardou tudo e retribuiu o sorriso de agradecimento do Tengu, afastando-se da cama.

??? escreveu:

Dilur escreveu:E então após a festa os kobolds irão ajudar as harpias a arrumarem suas penas com certeza! Hahahahaha

O tengu baixou as sobrancelhas e largou os ombros ao ver que estavam rindo. Realmente, anões... nunca iria entendê-los. Não que estivesse surpreso, sua história realmente parecia saída de uma alucinação. 

Dilur escreveu:Vamos tentar imaginar que você não é só uma gaivota perdida e maluca e levar o que fala a sério. Mas pelo o que sabemos kobolds vivem fundo na terra, e se você avistou eles certamente você não foi apenas avistado e perseguido, você deve ter adentrada tal templo ou seja lá o que for e deixou os feiosos irritados, o que pode ser um problema a nossa pacífica cidade dependendo do quão perto for...então acho que o melhor a se fazer e trazer os rancorosos dos nossos generais e líderes, eles decidirão o que fazer a respeito. Mas por enquanto você fica comigo e muito bem humorado Fawlar, com os pés bem presos no chão, entende isso? Não queremos nenhuma andorinha voando por ai sem supervisão.

O tengu respirou fundo e tornou a explicar, com uma voz muito séria e os olhos mais determinados do que nunca.
- Acredite, eu também moro nas montanhas e sei que o que falo parece loucura. Eu não pude acreditar e não acreditaria se não tivesse visto. Não cheguei, sequer, a entrar no meu templo. Apenas de chegar perto fui atacado por um exército de harpias. Elas saíram de todo lugar. Só pude ver de relance os kobolds, mas tenho certeza do que vi.

Girando na cama, o Tengu esticou as pernas e colocou os pés no chão. Sorriu para Dilur.
- Assim, chefe?

Dilur escreveu:Tem sorte que Blackmail gosta de receber bem as visitas, em qualquer outro lugar não teria tanta sorte

- E eu achando que estava sendo mal recebido. Minhas desculpas. -disse, com uma reverência. 

GM escreveu:Um anão recebeu a ordem de Dilur e saiu em disparada. Este mesmo anão voltou 5 minutos depois, esbaforido. 

- Dilur. Fawlar. O Irontooth tá chamando vocês. E é para levarem o urubu.

Irontooth era o Comandante. Era um anão justo, guerreiro valoroso e nunca ficava bêbado: qualidades top de um anão. 
Após os três saírem da enfermaria, seguiriam até sala do comandante. Ficava no centro do quartel. A porta estava aberta e uma voz grave pediu que entrassem.

Lá dentro, em uma cadeira atrás de uma mesa cheia de papéis e mapas, Irontooth aguardava. Seu enorme machado estava apoiado na parede atrás de si. 
Era um anão ruivo, com longa barba e cabelos, ambos trançados e adornados com anéis. Seu olho direito exibia uma cicatriz muito antiga. Usava uma armadura simples, estando dentro do quartel. Sua real armadura era guardada ali mesmo, em um enorme armário de madeira, e todos diziam ser uma das mais belas e fortes do reino. 
- Bem, uma manhã movimentada, com certeza. - disse a voz grave. Olhos castanhos analisaram o Tengu de cima a baixo, e depois passaram para Dilur. - Já falei com Briggs, mas ele disse que você foi o primeiro a ver nosso visitante. Relatório, Dilur. Depois você Fawlar. 

Irontooth escreveu:O Comandante alisava a barba enquanto ouvia com atenção as palavras de Dilur. 
Quando o anão acabou, fez sinal para Fawlar e este contou o pouco que sabia, pois só chegara no local depois de todo o alvoroço. 

Levantando-se, colocou as mãos para trás e se aproximou do Tengu, olhando o rapaz de baixo, com o semblante fechado. 

- Então... Como está o chefe Tybias, príncipe Sazarya?

Sazarya escreveu:
O tengu fez uma reverência, abaixando a cabeça com a mão sobre o peito, e um sorriso no rosto.
- A saúde dele melhorou muito este ano, obrigada por sua preocupação, mestre Irontooth.

Endireitando-se, continuou o assunto animado.
- É uma honra conhecer o antigo companheiro de meu pai.

Irontooth escreveu:O anão concordou com a cabeça e um sorriso saudoso apareceu por debaixo da barba.
- Ah sim... Bons tempos. Pelo que ouvi, você herdou os dons da magia de seu pai. Ou era sua mãe que tinha o relâmpago nas veias?

Esperou a resposta do rapaz e acrescentou, com um semblante sério.
- Espero que meus homens tenham te tratado com respeito.

Sazarya escreveu:
- Minha mãe, mestre Iron. Meu pai sempre teve o vento como parceiro de magia.

Sazarya pousou seus olhos azuis nos dois anões que o escoltavam, com um sorriso no mínimo amistoso. 
- Com a hospitalidade e bom humor dignos de sua tradição, mestre Iron.

Sua voz era calma e sincera. Voltou seu semblante para o comandante, sério.
- Mas voltando ao que disse, Comandante....

Irontooth escreveu:O anão gesticulou para que o pássaro ficasse calado, e este obedeceu prontamente. Fez sinal para que os dois anões entrassem e fechassem a porta.
- Isto não pode sair daqui. Vou falar com Frappia também, porque sei que vieram de lá. Preciso averiguar umas coisas, mas até lá... Nem um pio de nada disso de harpias e kobolds para ninguém. Como exército, precisamos evitar proliferação de pânico indevido, até que tenhamos uma explicação plausível. Parece justo?

Sazarya ponderou por um instante e assentiu com a cabeça.
- Ótimo. Enquanto isso, você será um hóspede. Eu adoraria recebê-lo na minha casa, mas já tenho visitas. Parentes de minha esposa. 

Dilur podia jurar que viu uma sombra se abater sobre os olhos do Comandante.
- Mas qualquer um de meus homens ficará mais do que honrado em lhe receber.

Sazarya escreveu:
O tengu novamente sorriu e entortou a cabeça para olhar Dilur nos olhos.
- Bem, se mestre Dilur não tiver visitas ainda, gostaria de ser seu hóspede. Já sinto como se fôssemos velhos amigos. 

Um sorriso enorme de dentes brancos apareceu em seu rosto.

Irontooth escreveu:- Então estamos acertados. Dilur, faça jus à nossa fama de povo hospitaleiro. Isto é uma ordem. Príncipe Sazarya está sob sua responsabilidade. Dispensados.

Sazarya escreveu:
O Tengu manteve o sorriso no rosto enquanto ouvia Dilur falando. Quando este teminou, deu uma risada e tratou de acalmar o anão, com uma mão sobre seu ombro.
- Não se preocupe com isso, Dilur. Ouvi muitas histórias sobre sua cidade e seu povo para saber como são. E deixe esse negócio de alteza para lá. Sou filho um chefe de uma das muitas tribos Tengu. Como não há um termo para "filho do chefe" seu comandante usou a palavra que achou mais apropriada, mas não sou tão importante assim entre os meus.

Suas palavras eram ditas com calma e sinceridade.

Os dois entraram em Kjeldor e Sazarya não pôde conter sua admiração pelo lugar. O túnel principal de entrada era onde ficava a "vistoria" dos comerciantes e visitantes.
Dilur não teve problemas para entrar com o Tengu e logo puderam seguir para o centro de Kjeldor, onde havia a praça de comércio. A gritaria, os preços, o cheiro de mercadorias e de metal era característico do lugar. A iluminação era feita por minerais que brilhavam naturalmente no escuro, não que os anões precisassem disso, mas tornava o lugar mais interessante.
Logo à frente, ficavam os túneis para as forjas e oficinas.
De todos os lados, túneis menores levavam a bairros residenciais e oficinas menores, de artesãos, ferreiros, alfaiates e por aí vai.

Nenhum túnel era somente rocha escavada. Todas as paredes possuíam detalhes esculpidos, ornados com jóias ou filetes de metal. Quanto maior o espaço, mais intrincado o trabalho das paredes e do teto. Anões eram conhecidos por seu talento artesão, então nada naquela cidade era simples.

- Sua cidade é a mais bela que conheço, e olhe que já visitei Lórien. A cidade élfica é linda, com certeza, mas achei muito florida. Prefiro rochas às plantas.

GM escreveu:Os dois passaram o dia na cidade, voltaram ao quartel e já era noite.
A melhor taverna, na opinião de Dilur, era a do quartel.
A taverna da Wynna. A cerveja era simples, porém barata e sem frescuras. Era feita ali mesmo, pela família da taverneira, e tinha o gosto forte dos soldados. Além disso, não tinha muitos forasteiros chatos e nem música ambiente. Era o som de briga, conversa, jogos de carta e cantadas baratas.

Os dois arranjaram uma mesa sem problemas e logo a dona veio servir-lhes dois canecos - costumeiramente, nas tavernas, trás-se água antes de perguntar o que o cliente quer... aqui era cerveja.

- Vai me apresentar seu novo amigo, Dilur? - Disse Wynna, olhando com interesse para o Tengu.

Wynna é o que todos conhecem como a mulher dos sonhos de todo anão. Robusta, cabelos grossos, corpo bem redondinho e casada. Ah quantos narizes o marido de Wynna, Arvo, quebra todas as noites por cantadas indevidas. Ou Arvo ou um dos seis filhos de Wynna.

A Taverna estava apinhada.

Sazarya escreveu:
Ao ser apresentado, o Tengu levou uma mão ao peito e fez uma leve reverência.
- Um prazer, senhorita.

GM escreveu:
Wynna enrubesceu com os modos do rapaz e sorriu.
- Ora... senhorita! Imagine você... Eu sou senhora, rapaz. Já sou mãe. Você é um doce.

Virando-se para Dilur, a anã esboçou uma expressão de surpresa.
- O Comandante? ora ora... Então que tal algo pra comer. Está com fome, meu rapaz?

Quando o Tengu disse estar morrendo de fome, Wynna se dirigiu à cozinha.
Logo vieram dois pratos de carne assada com batatas. Cheirava a churrasco e as batatas estavam douradinhas. Era a especialidade dali.

Sazarya escreveu:
Estavam tão distraídos com o turismo que ele não percebera que estava com fome há horas. Agradeceu imensamente o prato de comida e atacou com vontade. Apesar da fome, sua curiosidade em seu guia anão era altíssima.
- E quanto a você, caro Dilur? Já viveu alguma batalha épica aqui ou fora daqui? Meu pai me contou várias histórias sobre as viagens com o Mestre Irontooth.

Sazarya escreveu:
O Tengu diminui o ritmo da comida para conversar melhor - mesmo vendo em primeira mão que ninguém ali ligaria para seus modos à mesa.

Dilur escreveu:Uhm...Eu nunca viajei muito...e o pouco que sai para além das muralhas foram coisas como...espantar uns goblins...escoltar aldeões...esse escudo ainda é novo em batalhas, se me entende...

Sazarya levou uma mão às costelas e com um sorriso dolorido, comentou com bom humor.
- Bem... então sinto-me privilegiado de ter servido para amaciar um pouco seu escudo, amigo.

Quando Dilur se aproximou para conversarem sobre o assunto que o comandante pedira sigilo, Sazarya adquiriu uma expressão mais séria.

Dilur escreveu:Na verdade, se o que diz bater com o que o comandante descobrir, espero que eu seja convocado para a limpeza. Parece muito mais interessante que as vigias ao norte ou escolta de carroças com alfaces, não é? hehehe

O Tengu olhou para a janela, em direção à muralha norte.
- Espero que cheguem ao fundo disso. Às vezes até eu duvido do que vi.

Dilur escreveu:Mas não se preocupe camarada, nós anões somos os melhores em lidar com situações assim, ainda mais em lugares fechados! ehhehe, já os elfos provavelmente nunca conseguiriam lhe ajudar tão facilmente! Eles teriam medo de sujar suas armaduras brilhantes e vestes de seda! hahahaha

Isto trouxe de volta o sorriso para Sazarya, que riu com o comentário sobre os elfos. Eram criaturas mais delicadas, mesmo.
- Então caí na cidade certa e bati no escudo certo. Sorte a minha.

GM escreveu:
A dupla comeu e bebeu a noite toda - mais Dilur do que propriamente Sazarya, que parou na segunda caneca.
A taverna estava calma: apenas 4 brigas e 2 disputas de braço, então encerraram a noite cedo.
Ao final, Dilur levou seu hóspede para descansar, mas o hóspede teve que evitar que o guia caísse umas 5 vezes.

O dia seguinte começaria cedo...

GM escreveu:O tengu não sabia como os anões aguentavam tanta bebida e ainda viviam tanto. Talvez fosse isso mesmo: estavam conservados em álcool.

Dormiram como pedras e acordaram cedo, voltando ao quartel prontamente - ou quase. Dilur tinha seus afazeres e Sazarya queria enviar uma mensagem à sua tribo então se separaram. Nem bem Dilur chegou ao seu posto, um soldado veio correndo lhe chamar para ter uma palavra com o Comandante.

Como era de se esperar, Dilur chegou ao escritório de Irontooth o mais rápido que poderia, junto com Sazarya, e pegou o Comandante conversando com Briggs e um outro anão. Só pelas roupas e pelos ornamentos na barba, Dilur reconheceu como um visitante de sua cidade irmã, GorLadur.
- Dilur, Sazarya. Entrem e fechem a porta. Este é um comerciante de nossa cidade irmã, ao sul. Pode repetir seu relato?

O visitante estava com faixas nas mãos e no rosto e começou a relatar sua história.

- Eu... estava vindo para cá, trazendo minhas encomendas, mas fui atacado por um grupo de 3 kobolds. Até aí, eu tinha contratado um jovem aventureiro para me proteger, faço isso sempre... mas.. -  aqui o anão engoliu a seco - ouvimos um grito... o grito mais aterrorizante que já ouvi.

Foi Sazarya quem falou o que todos pensavam: - Harpias...

- SIM! - disse entusiasmado o anão, apontando para Sazarya como se estivesse feliz que alguém o tivesse entendido tão rápido. - Eram 3 também. Pegaram toda a minha mercadoria, saindo voando em seguida. Os kobolds... eles... mataram minha escolta... não sei como cheguei vivo.

Um silêncio se abateu no escritório. Irontooth mandou que o viajante fosse descansar e pediu sigilo quanto ao acontecido, mas todos ali sabiam que aquilo não ficaria em segredo por muito tempo.

Irontooth escreveu:
O Comandante tinha uma expressão grave.
- E eu desejando que estivesse errado, Sazarya.

Sazarya escreveu:
O tengu exibiu um sorriso entristecido
- Eu também queria ter batido com a cabeça ou pego ensolação, Mestre Iron.

Irontooth escreveu:
Iron foi até a mesa e pegou alguns papéis, visivelmente se tratando de correspondências.
- Se fosse só isso... Mas ontem, antes de sua chegada, já havíamos recebido relatos de coisas similares acontecendo em outros lugares. Os elfos negros, nossos vizinhos, reportaram movimentação estranha entre os monstros noturnos e trevosos em suas redondezas. Monstros que caçavam sozinhos, andando em bandos. Monstros que eram predadores, aliando-se com suas antigas presas.

Colocando os papéis de volta, voltou seu olhar para Sazarya e Dilur.
- Quero que vocês dois vão investigar o que está se passando a norte daqui. Sazarya conhece o caminho, então precisamos dele. Vão levar um pequeno destacamento, mas apenas para reconhecimento. Ao primeiro sinal de atrito, é retirada imediata. Qualquer pergunta que seja feita, dêem uma resposta rude o suficiente para que a pessoa não se intrometa mais. Fui claro?

Irontooth escreveu:O comandante fez um aceno com a cabeça. 
- Muito bem. Briggs! - o anão se enrijeceu - Você está no comando deste destacamento. Quero que vocês três discutam aqui, e agora, em quem confiar e quem irão precisar. Chamem estas pessoas, organizem-se e saiam o quanto antes. Assim que retornarem, devem se apresentar imediatamente para mim, não importa onde eu esteja. Se eu estiver com o rei, vocês vão até lá. 

Apanhando suas coisas, o comandante continuou:
- E é exatamente com ele que vou falar agora. Conto com vocês. Dispensados.

Briggs escreveu:Assim que o comandante saiu, a barriga de Briggs despencou.
- Fiu... OK. Vamos pensar. Você. Príncipe... pombo ou alguma coisa. 

Briggs se dirigiu à mesa onde um mapa dos arredores estava aberto. 
- Risque aqui de onde você vinha, ontem; onde foi interceptado e onde viu esse templo de que falava. 

Enquanto o Tengu fazia o que lhe pediam, Briggs olhou para Dilur. 
- Vamos precisar de um clérigo. Alguma sugestão, Dilur? Percebi que você não está se aguentando nas calças para falar. Agora é hora.