[Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
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[Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
GM escreveu:
Era tarde.
Após uma leve chuva, a floresta começava a se despedir do dia e dar boas vindas à noite. Criaturas diurnas se recolhiam em suas tocas e ninhos para descansar, enquanto que os animais noturnos se preparavam para ir a caça.
O som de patas, cascos e cantorias foram dando lugar ao som de rastejos, passos leves e arrulhos de mau agouro.
O pôr do sol seria belíssimo.
Uma figura solitária caminha pela floresta.
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
Aprendizado: Lição I
Crepúsculo, o evento que marca a transição entre a beleza matutina e a magia noturna. Noite, o período onde os seres que antes permaneciam ocultos ganham seu próprio espaço por entre a flora de Alihanna. Dentre eles, existem não apenas predadores sorrateiros mas também vagalumes e outras criaturas mágicas que, uma vez que o sol se põe, têm a oportunidade de mostrar todo o seu brilho e graciosidade para a alegria da floresta. O rastejar e olhos vermelhos dos predadores também acompanham o festival, o que sempre torna a noite mágica e especial do jeitinho que sempre foi.
Era uma vez uma coruja triste e solitária. Rejeitada por seus amigos, vagava despreocupada pelos troncos e galhos da floresta à procura de companhia...
Seus pés, descalços, remexiam as folhas secas deixadas propositalmente pelas árvores como alimento para o solo. O sol suave do entardecer não incomodava e seu manto forneceria proteção quentinha para o frio vindouro. Seus braços abriam caminho pela vegetação verde, levando a figura a um lugar quem não sabia onde chegaria.
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
GM escreveu:Fukuro seguiu seu caminho em silêncio, acompanhado apenas da sinfonia da floresta a noite.
Quando o último raio de sol desapareceu no firmamento, o silêncio se tornou absoluto.
O corpo de Fukuro não pôde resistir em parar. Era natural. Uma floresta não fica silenciosa a não ser que haja problema.
Talvez olhasse em volta, talvez ficasse com o olhar fixo em um ponto.
O que quer que fizesse... qualquer que fosse sua escolha... teria que piscar.
E ao piscar.... uma cabeça apareceu em seu campo de visão. Uma cabeça de ponta cabeça.
- Imagem:
GM escreveu: A cabeça era jovem, de rosto alongado. Cabelos espetados vermelhos, com pontas negras, caíam preguiçosamente juntamente com duas longas e felpudas orelhas. Dois olhos verdes com pupilas alongadas miravam Fukuro com entusiasmo, reforçado pelo enorme sorriso que mostrava dois pontudos dentes caninos.
O pior de tudo é... Fukuro o conhecia. Algo lhe dizia que o conhecia.
Mas o rapaz - era um rapaz - estava de ponta cabeça, com as pernas cruzadas e os olhos a poucos centímetros do rosto de Fukuro. Além de não ter noção do termo "espaço de cada um" parecia negar que a gravidade existia.
??? escreveu:
Seu sorriso se alargou com a expressão de Fukuro, qualquer que esta seja.
- Oooooooi, Fukurinho. - disse uma voz um tanto aguda, mas aveludada. - Deu trabalho te achar.
Disse, girando o corpo no ar e ficando em pé na frente de Fukuro. O youkai coruja tinha certeza que lhe conhecia. O rapaz cruzou os braços atrás das costas, mantendo os olhos em Fukuro e aquele alegre sorriso no rosto.
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
Aprendizado: Lição I
O Sol se escondia na linha do horizonte para dar passagem à Lua em sua entrada como o astro mais vistoso do céu. O pequeno Fukuro andava em silêncio caminhando meio saltitante enquanto pulava sobre as raízes sobressalentes das grandes árvores como se fosse uma brincadeira. A orquestra dos bichos da noite chegara, enfim, ao seu apogeu e o tengu sentia-se como o condutor da algazarra, apesar de não estar de fato conduzindo-a. Essa festa era comum aos ouvidos dele, afinal há tempos a floresta era a sua casa e a natureza a sua família.
Pausa. Intervalo para descanso? Não. Os voadores ficaram quietos, os rastejantes ficaram quietos e os saltadores ficaram quietos. Alguém pediu para que o show parasse. Que pena... estava tão bom!
Fukuro suspirou e foi no piscar dos olhos que mais um convidado chegou para a festa. Um garoto vermelho, peludo e sorridente! E ainda disse o nome do Fukuro! Um conhecido? Tinha impressão que sim, embora não recordasse.
- Fu...kurinho? - Colocou o dedo indicador sobre o queixo. Seu pescoço e torso inclinaram-se para lado, ficando com a cabeça virada para parecer que também estava invertida, ou quase. - Sou eu! Sou eu! Há quanto tempo... eerr...
Fukuro esperava o nome do convidado. Não lembrava como se chamava, mas tinha certeza que o havia conhecido antes.
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
??? escreveu:
O rapaz em pé na frente de Fukuro o olhava com puro entusiasmo, talvez até com alegria.Fukuro escreveu:Sou eu! Sou eu! Há quanto tempo... eerr...
O garoto Tengu teve a ligeira impressão de uma pequena sombra passar pelos olhos verdes do visitante, tirando seu brilho por um instante. Mas talvez tivesse sido sua impressão, afinal era noite e um visitante acabara de chegar de ponta cabeça, flutuando no ar.
- Nimb - disse o rapaz. Este nome também não lhe era estranho. Já tinha ouvido este nome... e já tinha falado este nome também, mas quando? - Normal que você não se lembre, afinal fazem quantas décadas que não nos encontramos não é? hahahahha
Sua risada era a de uma criança brincando na calçada com seus brinquedos.
O rapaz novamente se sentava com as pernas cruzadas, no ar, à frente de Fukuro, com o rosto na altura do menino.
- Você ainda estava em sua "velha forma" da última vez que nos encontramos. O processo de encarnação com certeza tirou algumas coisinhas da sua memória.
Nimb apoiava os cotovelos nos joelhos e o rosto nas mãos.
- Imagine minha surpresa quando fui lhe visitar e cada um me disse uma coisa.
Ele sumiu.
Ele morreu.
Ele enlouqueceu.
Essas últimas palavras foram faladas com pesar na voz, seguidas por mais uma risada.
- Sendo eu quem sou, pode adivinhar porquê quis vir ver com meus próprios olhos. Você? Enlouquecido? na na na na não. Você, não. Mas então....
Com um piscar de dedos, Fukuro estava deitado em um divã preto, macio. Nimb ainda estava sentado no ar, mas com um cachimbo e um bloco de notas.
- Diga... quais são seus pensamentos neste momento? O que você quer com essa conversa toda de encarnação?
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
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Nimb, esse era o nome do visitante. Ele não procurava Fukuro, procurava Zin, sua antiga forma antes da sua "queda".
- Hmm... como foi que me encontrou? - O tengu inflou as bochechas, um pouquinho desconcertado. Embora não lembrasse muito bem quem era Nimb, o convidado vermelho parecia conhecê-lo bem.
- Aqueles bobões estão enganados. Eu não sumi, só fui brincar na floresta - Ele respondia com graça, apesar das suas circunstâncias passadas e atuais serem deveras dramáticas.
A coruja viu-se, de súbito, num divã bem fofinho. Pulava sobre o móvel, enquanto escutava o que Nimb tinha a falar. Eram dois seres deveras curiosos.
- Nimb, Nimb... posso até responder, mas tudo tem um preço. - Após a sequência de pulos, Fukuro se estirou de bruços no divã, apoiou o rosto sobre os braços e ficou balançando as pernas para cima e para baixo. - Sabe... a minha barriga tá roncando.
O pequeno respirou fundo e começou a falar sobre as circunstâncias que o levaram a ficar nesse estado deplorável de encarnado. Embora com a mesma voz infantil de sempre, sua palavras ganhavam um peso mais sério. Parecia outra pessoa falando.
- A roda está a girar... a ampulheta a se esgotar... e a carruagem para além do horizonte a chegar... - Fukuro sorriu de forma totalmente neutra, e olhou para cima como se estivesse a contemplar o firmamento. - Você tem chááá?
Fukuro obviamente não disse tudo o que queria. A linguinha estava seca demais para qualquer tipo de conversa.
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
Nimb escreveu:Fukuro escreveu:- Hmm... como foi que me encontrou?
Nimb acenou com a mão, como se aquilo não tivesse importância.
- Oh não se preocupe com isso agora. Prometo não contar para ninguém.
O rapaz de cabelos vermelhos parecia estar prestando atenção e anotava tudo o que Fukuro dizia em um caderninho. Após um tempo, tinha feito um lindo desenho de uma coruja e um cervo andando de mãos dadas, embaixo de um colorido arco-iris com várias fadas decepadas voando. Quando Fukuro começou a falar mais sério, o sorriso de Nimb se encurtou, mas ainda era um sorriso.
- Então estamos em uma busca...
Pulando ao chão, o divã sumira e Nimb agora estava em pé.
- Chá, hein. Suponho que eu te deva um chá. Não estamos longe de uma conhecida minha. Sei onde podemos tomar chá. Venha... Mataremos dois coelhos com uma cajadada só.
Fazendo sinal para que Fukuro o acompanhasse, Nimb começou a andar pela floresta em uma direção fixa. Enquanto andavam, Nimb continuava curioso. Perguntando a Fukuro coisas como "quantos anos tem?", "Onde viveu?", "Quem eram seus pais", "O que mais gostava de comer?"
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
Aprendizado: Lição I
O divã fofinho estava tão aconchegante que teria vontade de fazê-lo sua cama para tirar uma soneca se não desaparecesse num estalar de dedos de Nimb. Percebendo o móvel a desaparecer, Fukuro se ajeitou e evitou com que mergulhasse de cara no chão.
- Uma conhecida? - Fukuro ficou surpreso e animado com a proposta de ir ao encontro de alguém para tomar chá. - Combinado! O que mais será que ela tem de comer??
O pequeno seguiu o provável antigo amigo entremeio aos troncos da floresta pela bela paisagem noturna de Alihanna. Fukuro estava feliz. Fazia tempo que não tinha uma boa companhia e Nimb apareceu em ótima hora para tirar seu tédio. Ele vinha sentindo que sua vida não estava fazendo muito sentido recentemente... caminhar pela floresta sem encontrar ninguém e sem rumo o distanciava de seu verdadeiro propósito, de seu motivo de ter recebido o fôlego da vida...
- São perguntas fáceis e respostas difíceis - Apontou Fukuro sobre os questionamentos de Nimb, novamente ficando um pouquinho mais sério embora preservasse seu sorriso infantil no rosto.
- Nimb, Nimb... a grande coruja veio voando do céu e deu à corujinha seu coração - Fukuro explicava como nasceu, embora que mesmo para ele fosse algo confuso de se recordar. - A corujinha não conhece seus pais, ela só lembra de algumas coisinhas do velho coração da grande coruja e das coisas que acontecem depois de ter ganhado esse presentinho. Ah! Você quer saber do que a corujinha gosta? Chá de jasmim, pinha e... doces, muito doces!
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
Nimb escreveu:
Nimb ouvia a explicação de Fukuro, sem demonstrar confusão... pelo contrário, parecia entender tudo.
- Então foi isso... - foi a única coisa que disse, em uma voz suave, mas logo voltou a cantarolar e seguir em frente como antes. Andaram por uns 15 minutos e encontraram uma pequena casa simples.
- Chegamos!
Seu telhado era mal feito, havia uma cerca torta em volta e uma pequena hortinha. Pela chaminé, uma fumaça constante serpenteava aos céus.
- Aqui temos o melhor chá da região.... se a conheço bem, deve ter bolinhos ou biscoitos.
Sem cerimônias, Nimb foi até a porta e deu três batidas. Seu sorriso voltara ao seu rosto e ajeitou suas roupas e de Fukuro, espanando os galhos secos e as folhas de seus cabelos.
A porta se abriu com um chiado e uma pequena figura apareceu. Era uma velha anã. Seus longos cabelos brancos presos em um alto coque. Seu nariz era redondo como uma batata. A anã olhou aquelas duas crianças com o sobrolho franzido.
- Pois não? disse a anã, com uma voz doce porém cautelosa.
- Olá! - Disse animado o rapaz de cabelos vermelhos. - Lembra de mim?
Talvez fosse imaginação de Fukuro, mas por um momento em que a anã estava tentando se lembrar, algo como uma sombra passou pelos seus olhos, tão rápido que poderia ser impressão.
- Ah sim! Sim Claro! disse a anã, um sorriso aparecendo em seus lábios. - Esteve aqui outro dia para comprar meus bolinhos, não é? Como disse que se chamava?
- Nimb. - Apresentou-se o rapaz. - E este é meu amigo, Fukuro. Falei tão bem de seus bolos que ele ficou com água na boca. Estávamos passando por aqui e a oportunidade é simplesmente perfeita.
- Ora, mas fizeram bem. Ora, saiam daí do frio e da noite, sim? Entrem entrem... a anã abria a porta e os deixava passar. Sua casa era muito simples. Havia uma lareira com fogo crepitando. Duas poltronas à sua frente. Do outro lado, a cozinha com um enorme forno a lenha e uma mesa de madeira. Havia uma chaleira no fogão e estava prestes a chiar. - Estava me preparando para um chá. Têm preferência? Sentem-se sentem-se. Vou servir os bolinhos que acabei de fazer. Estão fresquinhos.
- Se tiver Jasmim, está ótimo. - Respondeu Nimb, sentando-se a mesa e fazendo sinal para que Fukuro se sentasse também. Seu sorriso jamais saindo de seus lábios. - Perdoe-me a indelicadeza, mas disse se chamar...?.
- Hm? Oh Elsa, querido. Sou a velha Elsa. a anã se apresentou com um sorriso no rosto, Virou-se para Fukuro - Gosta de bolo de nozes, Fukuro? Ou prefere de maçã?
A anã logo colocou xícaras, garfos e facas. Com um pano envolvendo suas mãos, apressou-se em tirar duas formas circulares do forno, que já estava apagado, e trouxe à mesa. O cheiro de bolo invadiu as narinas dos dois meninos: era doce, suave, com cheiro de frutas e nozes.
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
Aprendizado: Lição I
Nimb aparentemente entendeu a breve explicação e Fukuro ficou feliz. Seguiu o amigo por alguns minutos até serem recebidos por uma velha anã numa cabaninha. Ela parecia desconfiada, talvez por ter recebido visitas num turno no qual sua raça não está habituada agir, mas por já conhecer Nimb, recebeu-os sem alarde. Por um instante, o garoto percebeu uma sutil sombra passando pelos olhos da senhora, algo que teve a impressão de já ter visto antes. Sua intuição queria lhe dizer alguma coisa, porém ele apenas ignorou o ocorrido por hora por não ter noção do que se tratava nem se fosse apenas algo de sua cabeça.
Ao sinal, Fukuro sentou-se à mesa. Ele finalmente ganharia um chá com seu sabor favorito e o cheiro das massas estava ótimo. Já fazia um tempinho que não comia algo saído de um forno, por isso estava um pouquinho ansioso.
- Nozes, maçã... - Tentava decidir sobre qual dos dois escolheria, embora desejasse ambos ao mesmo tempo. - Maçã!
A comida foi colocada sobre a mesa. Fukuro, sentindo o vapor de chá e bolo quente subindo para seu nariz, olhava para o banquete ligeiramente boquiaberto e então percebeu que estava babando. Enxugando a boca, pegou apressado os talheres e comeu um pedacinho do bolo de maçã.
- Hmmm... isso é muito booom! - Elogiou a comida e bebericou o chá de jasmim que tanto amava. - Você me venceu, Nimb. Vou lhe dizer tudinho o que quiser saber!
Fukuro obviamente tinha mais coisas a falar. Aliás, sabia que não havia respondido (pelo menos não com clareza) ao principal questionamento do garoto vermelho: os motivos que levaram Zin a imbuir sua essência vital num avatar. Isso era parte da estratégia de ser mimado com a comida que mais gostava antes de abrir a boca.
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
Nimb escreveu:
O rapaz sorria, apenas observando Fukuro se deliciar com os bolos. Segurando uma xícara de chá, com o mindinho levantado, e o pires com a outra mão, Nimb continuou a conversa, com sua voz calma de sempre:
- Isso é muito bom de se ouvir pois curiosidade é meu terceiro nome. - Aqui o menino deu uma risadinha. - Por agora vamos aproveitar o chá e... nos preparar para a primeira lição.
Se Fukuro demonstrasse confusão ou curiosidade com as palavras de Nimb, ele explicaria:
- Oh. Não te falei? Onde estou com a cabeça! Eu vou lhe ajudar em sua busca. Sim senhor. Vamos explorar o mundo em busca das mais belas e horrendas emoções humanas... hahahahahahha
Parecia um apresentador de circo, enunciando o próximo espetáculo.
Nimb apanhou uma pequena colher e a bateu na xícara. Quando o fez, o cenário para ele e Fukuro mudaram. Elsa, que estava organizando os bolos em uma bancada, parecia se mover em câmera lenta e o cenário ficou em tons de preto, branco e cinza.
Só havia uma parte da visão de Fukuro que estava em cores e era uma parte atrás da anã, onde algo como uma tela de pintura se expandia, mostrando uma imagem colorida, irradiante, que acompanhava os movimentos lentos da anã.
O garoto ruivo observou as reações de Fukuro por um momento, depois olhou para a imagem atrás da anã.
Nimb escreveu:
Antes que Fukuro pudesse perguntar, Nimb começou a explicar:
- Um de meus talentos.... enxergar as emoções e sentimentos como se fossem objetos palpáveis. Bonito, não? O que você está vendo, caro Fukurinho, é o sentimento mais simples, porém o mais necessário para os seres viventes: Compaixão. Quando você se depara com uma situação alheia e sente o profundo desejo de ajudar, por motivos diversos.
Junto com a pintura, algumas figuras se formavam como novas pinceladas de tinta na tela: A cena de uma Elsa mais nova, com um outro anão e duas crianças, sentados em uma mesa. Pareciam felizes, pareciam uma família feliz.
Nimb bebericou mais um pouco do chá, fazendo um barulho com os lábios.
- Lindinho, não? Alguma pergunta? Ela não pode nos ouvir, caso esteja curioso...
Enquanto ouvia Fukuro, Nimb apanhou um enorme pedaço de bolo de nozes e começou a comer, sem o mínimo de etiqueta.
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
Aprendizado: Lição I
Nimb era mais entendido de sua situação do que esperava. Como assim primeira lição? Fukuro inclinou o rosto com dúvida, até ser prontamente respondido pelo amigo.
- Sério?!?!? - Reagiu à revelação de que seria ajudado. Sua fisionomia de euforia e surpresa era evidente.
Com mais um truque de Nimb, o cenário se modificou. Tudo ficou devagar e o pequeno notou a presença de uma tela mágica atrás de Elsa cujo desenho interagia de acordo com as ações da anã. Fukuro ficou confuso e curioso com a imagem volúvel. O que era aquilo? Era tão atordoante e ao mesmo tempo bonito! Parecia uma forma espectral com o formato de um desenho de coração. O centro dela lembrava uma flor com longas pétalas azuis e um centro branco luminoso. Um pouco acima dela, algum tipo de bicho colocava a cabeça em busca de pólen. Quando Nimb explicou antes mesmo de perguntar algo, Fukuro permaneceu em silêncio encarando a figura por mais um momento.
- Sim! É muito bonito - Respondeu com os olhos fixados na tela, porém algo na fala de Nimb deixou-o claramente confuso. - Não entendo... por que você diz que a compaixão é um sentimento tão necessário aos seres viventes? Sabe, os animais não sentem compaixão, pelo menos não na forma como as pessoas sentem.
A imagem da tela mudou completamente. Agora, mostrava Elsa bem mais jovem na companhia de sua família à mesa. Ao ser perguntado novamente por Nimb, Fukuro jogou os braços para trás da cintura e inclinou-se para a frente tentando olhar a imagem com mais clareza.
- Ahn... lindinho... de certa forma sim, apesar de ser apenas uma cena normal para os padrões atuais: uma família - Respondeu, já pensando em fazer uma nova pergunta. - Por que eles parecem estar sorrindo?
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
Nimb escreveu:
Nimb olhava a tela, mas prestava atenção às palavras de Fukuro. A cena era a de uma refeição em família. As duas crianças, agora, corriam em volta da mesa, talvez brincando de pega-pega, equanto seus pais - Elsa e o marido - riam e apreciavam a cena.
- Ah querido Fukurinho, animais com certeza não sentem da mesma forma que os humanos e afins, contudo as ações de animais não seguem, por muitas vezes, a lógica da sobrevivência do mais forte e da cadeia alimentar. Já viu uma mamãe elefante salvando um filhote de leão perdido? Aquele filhote, pela lógica da seleção natural, deveria morrer e seguir seu curso. Mas as mães, em sua natureza, possuem um instinto de ajudar filhotes em geral. Não seria, isso, um tipo de compaixão no reino animal?
O youkai ruivo entortou a cabeça ainda olhando a cena de Elsa com sua família e fez um "clic" com a língua.
- O que acontece aqui é exatamente isto: Nossa querida Elsa foi mãe, teve sua família, cuidou e alimentou a todos. Estão sorrindo pois estão juntos, comendo ao redor da mesa. Anões têm essa cultura, sabe? Gostam de celebrar tudo com comida e bebida. Presumo que, agora, estejam mortos ou longe pois não há mais ninguém na casa além de nós e nossa anfitriã. Pobre Elsa, tão familiar, acabou passando seus últimos dias em uma cabana, sozinha, assando bolos e tortas, esperando o dia em que se reunirá de novo com os seus.
Após um período de silêncio, fixou seus olhos verdes em Fukuro, com o mesmo sorriso de sempre. Sua voz era sedosa, como se estivesse narrando um conto de fadas antes de dormir.
- A mamãe elefante, saudosa de sua cria há muito perdida, recebe dois filhotes de leão em sua toca, alimentando-os e abrigando-os sem se importar se, futuramente, estes mesmos filhotes a venham caçar.... e matar.
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
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Fukurinho observava a imagem da família se divertindo e ficava feliz com a cena. Era uma situação que ele nunca vivenciou, seja em sua atual vida ou na passada.
- Ohh, entendo! Os animais têm resquícios de empatia, apesar de serem menos evoluídos que nós - Fez uma feição de satisfação por estar entendendo o raciocínio de Nimb. - A mamãe elefante deveria pisotear o filhote de leão, mas não quis.
De fato, enquanto uma divindade da natureza, já presenciara animais tomando ações que fugiam de seu papel natural e evolutivo. Sempre se perguntou do porquê desse comportamento, pois era uma violação das leis da natureza. Ficava mais perplexo ainda ao constatar que os bichos observados em questão não estavam sendo influenciados por outros espíritos, eles rompiam seus papéis por conta própria... rompiam por um impulso que não deveria existir dentro deles. Seria compaixão a resposta para a dúvida que o assombrava por tanto tempo?
O menino ouvia atentamente as explicações de Nimb. Ao contrário da Elsa do passado, a Elsa do presente não transluzia a mesma aura de felicidade de sua versão na tela. A senhora anã estava sozinha, à espera de pessoas que poderiam não voltar mais.
- Se eles morreram ou estão longe, ela pode formar uma nova família. Basta substituí-los - Sua boca nem sorriu nem definhou. Falava com uma entonação séria e enigmática novamente, não condizendo muito bem com sua aparência infantil. Essas alternâncias repentinas de personalidade já deveriam parecer comuns para Nimb. - Talvez ela ainda seja capaz de ter filhos com outro anão. Sob essa forma, não tenho mais o poder de prover fertilidade, mas nada a impede de tentar. Tolos mortais... se percebessem que a vida é tão passageira e os laços são tão tênues, jamais definhariam em aflição.
Ouviu a fábula de Nimb como uma criança a dormir ao lado de sua mãe em posse de um livro de histórias. Imaginou por algum momento a cena contada pelo youkai, até que uma ideia estapafúrdia se passou pela sua cabeça.
- Poderia se passar que a mamãe elefante quer que os leõezinhos venham a caçá-la? - Perguntou com seus pequenos olhos inocentes quase invisíveis sob o capuz escuro. - Sabe... ela não se importa com os predadores.
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
Nimb escreveu:Nimb ouviu Fukuro com o mesmo sorriso, e riu simpaticamente da inocência do rapaz.Fukuro escreveu:Talvez ela ainda seja capaz de ter filhos com outro anão. Sob essa forma, não tenho mais o poder de prover fertilidade, mas nada a impede de tentar. Tolos mortais... se percebessem que a vida é tão passageira e os laços são tão tênues, jamais definhariam em aflição.
- Ah uma questão maravilhosa que você traz, meu caro. Por quê não continuar a vida, como muitos animais fazem, e começar de novo? Por que os mortais se entregam tão facilmente ao desespero e aflição? Isto nos será respondido em uma próxima lição. Por hoje, acho que já compreendemos o conceito de compaixão.
Dito isto, a imagem formada antes se esvai e tudo volta ao normal. Não há mais cenas da vida de Elsa, e a anã está cantarolando e contando alguma história tola para passar o tempo.
- Claro que... - Nimb começava a falar pausadamente, esperando cada acontecimento acontecer.
TOC TOC. - alguém bate à porta.
- agora passamos...
A anã vai até a porta, perguntando-se quem poderia ser, se seriam amigos dos dois presentes.
- À parte prática de nossa lição.
Assim que abre a porta, a anã solta um grito e é empurrada para trás, caindo no chão.
Dois homens entram na casa, armados com espadas e expressões nada amigáveis.
- Dinheiro, velhota... viemos cobrar seu imposto.
- E-eu não tenho. Por favor...
- Duvido! Você vendeu bastante esta semana. Deve ter guardado em algum lugar. Nossa paciência tem limites. Sairemos com algo daqui, seja o dinheiro ou sua vida, mulher.
Os dois ladrões pareciam ignorar completamente as crianças sentadas à mesa, tomando chá. Nimb estava tal qual antes, sentado sem se virar para encarar a cena.
Antes que Fukuro pudesse perguntar algo, Nimb explicou.
- Estes são seres humanos desprovidos de compaixão, meu querido Fukurinho. Vão matar nossa querida anfitriã ao final desta conversa....Se nada for feito. - dando uma bebericada em seu chá, completou.- Uma pena, realmente... os bolos são maravilhosos. Quanto a nós, estamos seguros como poderíamos estar em qualquer outro lugar. Podemos apenas esperar irem embora, e poderemos sair.
Ou seja... se nada fizessem, poderiam sair ilesos dali sem problemas. A anã morreria, claro, mas eles não teriam qualquer problema.
Kalysta- GM
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
A Coruja Travessa
Aprendizado: Lição I
Fukuro descontraiu seu semblante assim que foi dito que a aula de compaixão havia terminado e que aprenderia sobre aflição e desespero numa próxima lição.
- Siim!! - Algo em sua expressão fazia parecer que estivesse numa sala de aula.
A projeção do passado da senhora anã se desfez e Fukuro voltou a se voltar a Nimb. Começou a estranhar o youkai falar de uma forma pausada, como se estivesse com o intelecto machucado. Não teve muito tempo para pensar, pois alguém bateu na porta.
- Ohh, temos visita! - Pensou Fukuro observando Elsa indo até a porta. - Quem será que é?
O grito da anã pegou-o totalmente desprevenido. Ele levantou as sobrancelhas enquanto observava a cena. Dois homens pedindo dinheiro, e de uma forma não muito amigável... não era necessário pensar muito para perceber que a senhora anã tinha mais problemas do que parecia.
- Nimb - Disse com uma voz séria. - Eu acho que entendi...
Era evidente que Nimb fez um truque para que não fossem percebidos pelos dois homens. Fukuro iria fazer mais perguntas ao amigo, porém, como se já soubesse tudo o que se passava por sua mente naquele momento, respondeu-as brevemente.
- Sim... - Jogou os braços para o lado do corpo. - É uma pena.
Fukuro, então, deu as costas para a cena. De forma silenciosa e lenta, sentou-se perto de Nimb e também bebericou mais chá. Sim, ele ignorava o que estava por acontecer e possuía bons motivos para isso.
- Nimb, você conhece a lei do retorno? - Ficou segurando a xícara e olhando para a água produzindo ondinhas devido ao seu pequeno movimento com a mão. - Tudo o que fazemos volta para nós. Quando era Zin, presenciei como ninguém esse princípio. Algumas pessoas me ofereciam frutos e doces, e em troca eu atendia seus desejos. Outras me ofereciam sacrifícios sanguinários, muitas vezes humanos, e eu os atendia igualmente pois não cabe a mim interferir em seu juízo.
Fukuro fez uma pausa e olhou vagamente para o teto. Fazia um esforço mental tremendo para conseguir esquematizar as longas e complexas memórias de Zin que sua mente tinha acesso.
- Você sabe o que aconteceu de igual entre esses dois tipos de pessoa? - Fixou seus olhos em Nimb. - O primeiro, que pedia prosperidade a familiares, amigos e desconhecidos, em pouco tempo recebeu para si o que desejou para outrem. O segundo, bem... desejou morte, azar, destruição, esse tipo de coisa que os mortais adoram. O que se sucedeu a eles próprios também correspondeu igualmente ao que pediram. E nessa parte eu não tive envolvimento algum. Eles receberam o que pediram para o próximo pois a realidade é regida pela lei do retorno.
Terminou de beber o chá, depositando a xícara sobre a mesa.
- A senhora anã também é regida por essa lei. Isso significa que em algum momento de sua história fez a outrem algo de mesma natureza ao qual está sofrendo agora - Sorriu, mas era impossível dizer se esse sorriso era de tristeza, felicidade ou se era mesmo um sorriso. - O que iremos assistir agora, amiguinho, é a realidade... realidade no qual não interfiro.
Dona Elsa certamente seria morta. A cena obviamente não seria agradável, mas não causaria espanto ou remorso algum a Fukuro. Enquanto bebia seu chá, ele a veria sendo executada de forma imparcial. A morte é somente uma fase da vida...
Por outro lado, Uma dor em seu coração começava a incomodar. Desde quando assumiu uma forma de carne e osso, dores como essa apareciam com alguma frequência. Não era uma dor física, era algo diferente, algo que apertava. Era uma voz que queria lhe dizer algo, mas ele nunca entendia. Dessa vez, a voz dizia alguma coisa relacionada a Elsa.
Fukuro- NOOB
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Re: [Campanha Exclusiva: Fukuro] Aprendizado: Lição I
Nimb escreveu:
O garoto ouvia a Fukuro enquanto bebericava mais de seu chá.
As súplicas de Elsa ecoavam pela casa.
O barulho de coisas se arrastando e quebrando denunciavam que os ladrões estavam procurando por algo.Nimb agora dava uma mordida em uma torta de maçã.Fukuro escreveu:Nimb, você conhece a lei do retorno? Tudo o que fazemos volta para nós. Quando era Zin, presenciei como ninguém esse princípio. Algumas pessoas me ofereciam frutos e doces, e em troca eu atendia seus desejos. Outras me ofereciam sacrifícios sanguinários, muitas vezes humanos, e eu os atendia igualmente pois não cabe a mim interferir em seu juízo.
Agora eram os ladrões que gritavam.
Estavam irritados.
Perdiam a paciência.
Sons de tapas e mais choro.
Nimb estava fazendo uma torre com os torrões de açúcar.Fukuro escreveu: Você sabe o que aconteceu de igual entre esses dois tipos de pessoa? O primeiro, que pedia prosperidade a familiares, amigos e desconhecidos, em pouco tempo recebeu para si o que desejou para outrem. O segundo, bem... desejou morte, azar, destruição, esse tipo de coisa que os mortais adoram. O que se sucedeu a eles próprios também correspondeu igualmente ao que pediram. E nessa parte eu não tive envolvimento algum. Eles receberam o que pediram para o próximo pois a realidade é regida pela lei do retorno.
Sons de choro abafados.
Risadas nada amigáveis.Nimb equilibrava mais um torrão, acima de outros oito, quando finalmente resolveu falar algo, com a voz sedosa de sempre.Fukuro escreveu:- A senhora anã também é regida por essa lei. Isso significa que em algum momento de sua história fez a outrem algo de mesma natureza ao qual está sofrendo agora. O que iremos assistir agora, amiguinho, é a realidade... realidade no qual não interfiro.
- Esta atitude seria adequada...
O som de metal atingindo a carne.
O choro parava.
- ... se você ainda fosse Zin, caro Fukurinho.
Kalysta- GM
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